A revolução solar no Brasil: crescimento de 39,6% em 2024
- BTM

- 22 de set.
- 3 min de leitura

O setor elétrico brasileiro vive um momento histórico. Segundo o Balanço Energético Nacional (BEN) 2025, a geração solar fotovoltaica cresceu 39,6% em 2024, atingindo 70,7 TWh — um salto de mais de 20 TWh em relação ao ano anterior. Esse desempenho consolidou a fonte solar como uma das principais forças na transição energética do país, ao lado da eólica, e reforça o protagonismo do Brasil no uso de renováveis.
Micro e minigeração distribuída (MMGD)
A micro e minigeração distribuída foi um dos motores desse crescimento. Em 2024, a MMGD registrou aumento de 36,6% em relação a 2023, alcançando 42.268 GWh. Desses, 97% foram provenientes da energia solar, que segue como a principal fonte no segmento. Isso representa 5,6% de toda a geração elétrica nacional, demonstrando como pequenos sistemas em telhados, indústrias e comércios estão transformando o acesso à energia no Brasil.
Distribuição geográfica
A expansão da energia solar no país se concentrou especialmente no Centro-Sul, com destaque para estados como Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso, que lideram em capacidade instalada. A capacidade total de MMGD solar atingiu 35.892 MW, mostrando que a adoção se espalha por diferentes perfis de consumidores, do residencial ao industrial.
Fatores do crescimento
Diversos fatores explicam essa evolução acelerada:
Queda nos custos dos módulos fotovoltaicos, tornando a tecnologia cada vez mais acessível.
Políticas públicas e marcos regulatórios, como a Lei 14.300/2022, que garantem previsibilidade para investidores e consumidores.
Busca por autonomia energética, especialmente diante das variações tarifárias e crises hídricas.
Atração de investimentos privados, impulsionados pelo potencial de retorno do setor.
Impactos no consumidor
Para os consumidores, a revolução solar traz benefícios diretos. Além da redução na conta de energia, há maior previsibilidade nos custos e possibilidade de participação ativa na matriz elétrica, já que muitos consumidores tornam-se também prosumidores ( produzindo e consumindo sua própria energia).
Desafios e oportunidades
Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta desafios importantes:
Infraestrutura de transmissão e distribuição:
Esse é hoje um dos pontos mais críticos para sustentar o avanço da energia solar no Brasil. Apesar da expansão acelerada da capacidade instalada, a rede elétrica nacional ainda enfrenta gargalos importantes, especialmente em regiões que concentram projetos de grande porte.
Linhas de transmissão saturadas ou distantes dos centros de geração podem limitar o aproveitamento pleno da energia produzida. Modernizar e expandir essa infraestrutura é essencial para garantir que a energia solar chegue de forma estável e segura até os consumidores finais, evitando perdas e desperdícios ao longo do caminho.
Regulação do mercado de energia distribuída:
O crescimento expressivo da micro e minigeração trouxe ganhos para os consumidores, mas também desafios para as distribuidoras, que precisam manter a sustentabilidade econômica do sistema. Nesse cenário, cabe ao marco regulatório equilibrar os interesses de ambos os lados: garantir o estímulo à geração distribuída, que democratiza o acesso à energia limpa, ao mesmo tempo em que preserva a viabilidade financeira das concessionárias, responsáveis pela operação da rede. O debate regulatório é, portanto, um eixo central para consolidar o modelo de expansão da energia solar no país.
Armazenamento de energia:
Por fim, o armazenamento de energia representa tanto um desafio quanto uma grande oportunidade. Atualmente, as baterias ainda possuem custos elevados, o que dificulta sua adoção em larga escala no Brasil. No entanto, essa tecnologia é crucial para dar maior confiabilidade ao sistema elétrico, uma vez que a geração solar depende de fatores climáticos e apresenta intermitências naturais.
Com soluções de armazenamento mais acessíveis e eficientes, será possível armazenar a energia excedente produzida durante o dia e utilizá-la em períodos de menor geração, aumentando a estabilidade da rede e o aproveitamento da fonte solar.
A queda dos preços das baterias e o avanço de novas tecnologias, como o hidrogênio verde, podem transformar esse cenário nos próximos anos.
Ao mesmo tempo, surgem oportunidades estratégicas para o Brasil consolidar sua liderança em renováveis: atração de novos investimentos, integração com outras fontes limpas e estímulo à inovação tecnológica.
O crescimento de 39,6% da geração solar em 2024 não é apenas um número expressivo, mas um sinal de que o Brasil está diante de uma revolução energética. A expansão da energia solar fortalece a segurança energética, reduz emissões e amplia a competitividade do país no cenário global. O desafio agora é transformar esse avanço em um modelo sustentável de longo prazo, capaz de beneficiar toda a sociedade e garantir um futuro cada vez mais limpo e eficiente.
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