O futuro de energia no Brasil: perspectivas a partir do BEN 2025
- BTM
- 16 de set.
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O setor energético brasileiro está em transformação acelerada. Com a publicação do Balanço Energético Nacional (BEN) 2025, ano base 2024, temos uma visão clara das conquistas recentes e dos desafios futuros. O estudo, elaborado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), traz dados que reforçam a posição do Brasil como um dos países com matriz energética mais renovável do mundo, ao mesmo tempo em que aponta caminhos para a descarbonização, integração regional e novas oportunidades de investimento.
Consolidação das renováveis
Um dos grandes destaques do BEN 2025 é a consolidação das fontes renováveis. Pela primeira vez desde 1990, o Brasil atingiu 50% de participação renovável na matriz energética total e impressionantes 88,2% na matriz elétrica.
A geração solar fotovoltaica teve crescimento de 39,6% em 2024, enquanto a capacidade instalada avançou 28,1%. Já a geração eólica cresceu 12,4%, consolidando-se como uma das principais fontes de diversificação. Esse movimento mostra que o país vem mantendo seu compromisso histórico com a transição energética e a segurança no fornecimento.
Hidrogênio verde
O hidrogênio verde surge como aposta estratégica de médio e longo prazo. Embora ainda em fase inicial de consolidação no Brasil, o tema aparece como tendência global para complementar fontes renováveis intermitentes (como solar e eólica) e atender setores de difícil descarbonização, como siderurgia, fertilizantes e transportes pesados.
O BEN 2025 destaca que o avanço nessa área dependerá da criação de políticas públicas específicas, infraestrutura de exportação e integração com os polos industriais brasileiros – abrindo espaço para investimentos em tecnologia e novos modelos de negócio.
Descarbonização dos transportes
O setor de transportes é um dos mais desafiadores para a transição energética. Em 2024, ele atingiu 25,7% de renovabilidade, resultado do aumento expressivo no consumo de etanol hidratado (+30,1%) e biodiesel (+19,3%), impulsionado pela elevação da mistura obrigatória do biodiesel ao diesel mineral para 14% (B14).
Além disso, o BEN 2025 trouxe pela primeira vez a contabilização do consumo de eletricidade no transporte rodoviário (como ônibus elétricos e carros híbridos plug-in), consolidando a eletromobilidade como tendência irreversível.
Integração energética regional
O relatório também reforça a importância da integração energética entre países da América Latina. O Brasil tem papel central nesse processo, tanto pela sua matriz renovável como pelo potencial de interconexão elétrica. A integração com vizinhos pode ampliar a segurança energética regional e criar sinergias para expansão de fontes limpas.
Desafios regulatórios e de infraestrutura
Apesar dos avanços, o BEN 2025 aponta que a expansão renovável e a diversificação energética exigem aprimoramentos regulatórios e investimentos em infraestrutura. Entre os principais desafios estão:
A modernização do sistema de transmissão para integrar novas fontes renováveis.A regulamentação da geração distribuída e da inserção do hidrogênio verde.
O fortalecimento de políticas de eficiência energética e digitalização das redes.
Sem avanços nessas áreas, o crescimento pode ser limitado e desigual entre regiões.
Oportunidades de investimento
A transição energética abre espaço para novas oportunidades no Brasil. Com uma matriz já altamente renovável, o país pode se consolidar como um hub de energia limpa para o mundo, atraindo investimentos estrangeiros em setores como:
Solar e eólica em grande escala.
Produção e exportação de hidrogênio verde.
Mobilidade elétrica e biocombustíveis avançados.
Eficiência energética em indústrias intensivas.
Segundo o BEN, o Brasil tem vantagem competitiva não apenas pela abundância de recursos naturais, mas também pelo histórico de políticas energéticas consistentes e pelo diferencial de emissões: em 2024, o setor elétrico brasileiro emitiu apenas 59,9 kg de CO₂ por MWh, valor muito abaixo de países da OCDE, EUA e China.
O BEN 2025 mostra que o futuro da energia no Brasil será cada vez mais renovável, integrado e sustentável. O país já ocupa posição de destaque no cenário global, mas enfrenta o desafio de acelerar políticas e investimentos para garantir competitividade e segurança energética.
Com a consolidação das fontes renováveis, o avanço dos biocombustíveis, o crescimento da eletromobilidade e as perspectivas para o hidrogênio verde, o Brasil caminha para ser não apenas um grande consumidor, mas também um protagonista mundial da transição energética.
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